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Jogos do poder
Jogos do poder * Sandra Silva O recente episódio envolvendo duas decisões do presidente do Supremo Tribunal Federal que concedeu liminar de soltura ao cidadão Daniel Dantas gerou uma das mais fortes crises institucionais dos últimos tempos. A crise não se concentra apenas no fato de um magistrado de primeira instância ter despachado um segundo mandado determinando a prisão de suspeito de corrupção et caterva logo após sua soltura pela Suprema Corte sob o argumento de novas provas venais. O que está abscôndito chama-se poder político e poder financeiro. A contenda parece se dar entre o presidente do Supremo e o ministro da Justiça e os efeitos atingem o governo. O juiz singular é um detalhe, talvez como o próprio cidadão Daniel Dantas. Ninguém desconhece as pretensões do ministro Tarso de atingir a presidência da República. Tampouco a sociedade ignora que o presidente Lula sinaliza como sucessora a ministra-chefe da Casa Civil. Tanto o é que lhe entregou o PAC, programa de desenvolvimento que envolve bilhões de reais e atende a todas as classes sociais. Não há como a ministra não estar diariamente na mídia e em visibilidade para todos os brasileiros, quesitos essenciais para quem vai se arriscar numa campanha presidencial. Nos jogos do poder, quando há mais de um candidato disputando o mesmo espaço, um tem de derrubar o outro (mire-se o exemplo Hilary e Obama). O ministro Tarso precisa marcar presença no cenário nacional se quiser se fortalecer para essa candidatura. Comandando a Polícia Federal com vigor, é através dela que entendeu chamar a atenção sobre si. Talvez daí a chamada espetacularização das operações e respectivas prisões dos suspeitos. O ministro da Justiça sabe que a sociedade está exaurida de ver impunidade. Ora, em quem a população vai depositar sua confiança senão em um moralizador? Lembremo-nos de que o hoje senador Fernando Collor elegeu-se presidente pela promessa de caça aos marajás, ou seja, também iria promover a moralização e a justiça no país. A instalação de um Estado policial é algo muito perigoso. O ministro Gilmar Mendes, homem de significativas luzes jurídicas, já preveniu a sociedade em diversas oportunidades sobre esse equívoco. A libertação do banqueiro Daniel Dantas pelo ministro Gilmar foi o pingo d?água que o ministro da Justiça necessitava para brilhar na mídia. Enquanto o presidente do Excelso Pretório era execrado por leigos sedentos de punição ante a corrupção que tomou conta do país, o outro ministro aproveitou o momento para indignar-se e da mesma forma fazer pirotecnia, só que a seu favor. As possíveis ligações de Daniel Dantas com gabinetes do governo podem atingir a Casa Civil criando um novo desgaste para a sua titular, o que não é nada saudável. Enquanto o fogo formava labaredas sinistras, o ministro Tarso navegou por mar calmo. Nesse ínterim o presidente Lula, percebendo o perigo, chamou os envolvidos e certamente deu ?um chega pra lá? em todos mandando acabar com as questiúnculas. Dissolveram-se rapidamente os promotores da operação, com desculpas esfarrapadas que chegam a dar dó. Enquanto isso, os mistérios permanecem inexplorados no disco rígido do computador do banqueiro Daniel Dantas. Tem urubu sobrevoando esse céu. * E-mail: sandra.silva@brturbo.com.br ...


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